FATOS
Não escrevo
sobre amor
ultimamente,
Finalmente não precisa.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 27 de abril de 2010.
quinta-feira, abril 29
segunda-feira, abril 26
ENTUSIASMO
Sempre tive a impressão de que poeta era algo grande e forte.
Decepção atrás de decepção
Quando me vi engatilhando pelos livros e querendo ser também
Quando vi que é de uma humanidade úmida e febril
Quando intui em tremor sísmico que todos morrem das mesmas dores que todo homem.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2010.
Sempre tive a impressão de que poeta era algo grande e forte.
Decepção atrás de decepção
Quando me vi engatilhando pelos livros e querendo ser também
Quando vi que é de uma humanidade úmida e febril
Quando intui em tremor sísmico que todos morrem das mesmas dores que todo homem.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2010.
ORIKI
Salve, Oxossi caçador!
Ele caminha pela folhas e pelos galhos e sua flecha é certeira!
Ele dorme sem dormir, ele descansa sem repousar,
porque ele anda sobre os ventos e caça dia e noite.
Tem uma única flecha e não pode errar!
Que ele nos ajude a acertar sempre!
Okê okê, Oxossi!
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2010.
Salve, Oxossi caçador!
Ele caminha pela folhas e pelos galhos e sua flecha é certeira!
Ele dorme sem dormir, ele descansa sem repousar,
porque ele anda sobre os ventos e caça dia e noite.
Tem uma única flecha e não pode errar!
Que ele nos ajude a acertar sempre!
Okê okê, Oxossi!
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2010.
DEPARAR-SE
A carta do julgamento é a mais alarmante de todas.
Não pelo julgamento em si
- ato contínuo e até involuntário do nosso dia-a-dia - ,
mas pelo que carrega pesadamente as asas do anjo:
a incerteza de estar sendo justo.
Isto é o agudo da trombeta que enlouquece.
Isto é a campa que sufoca.
Isto é o sim e o não sem volta.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2010.
A carta do julgamento é a mais alarmante de todas.
Não pelo julgamento em si
- ato contínuo e até involuntário do nosso dia-a-dia - ,
mas pelo que carrega pesadamente as asas do anjo:
a incerteza de estar sendo justo.
Isto é o agudo da trombeta que enlouquece.
Isto é a campa que sufoca.
Isto é o sim e o não sem volta.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2010.
CRONIQUINHA
Um namorado de um amigo anda fumando com Clarice e eu num afã de exposição comentei:
PERFEITA COMPANHIA. PENA QUE NÃO FUMO... HÁ COISAS QUE ALIVIAM E ALEGRAM MESMO A GENTE FORA DE NÓS? VIXE... FIQUEI CLARICEANA AGORA... PERDÃO! ANDO MEIO ASSIM-ASSIM.
Ainda bem que há o recurso de não enviar... Guardei o comentário pra mim...
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2010.
Um namorado de um amigo anda fumando com Clarice e eu num afã de exposição comentei:
PERFEITA COMPANHIA. PENA QUE NÃO FUMO... HÁ COISAS QUE ALIVIAM E ALEGRAM MESMO A GENTE FORA DE NÓS? VIXE... FIQUEI CLARICEANA AGORA... PERDÃO! ANDO MEIO ASSIM-ASSIM.
Ainda bem que há o recurso de não enviar... Guardei o comentário pra mim...
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2010.
ME DEIXA, CAMARADA
Não quero viver aqui!
Naõ quero fugir daqui!
Você, você aí!
Que não sabe para além do que vê,
Tem gente caindo por dentro e também levantando,
Tem gente viajando!
Tem gente de porta fechada e também com tapete de entrada.
Tem o mundo!
Um mundo bem maior do que eu.
E você aí preocupado comigo.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 24 de abril de 2010.
Não quero viver aqui!
Naõ quero fugir daqui!
Você, você aí!
Que não sabe para além do que vê,
Tem gente caindo por dentro e também levantando,
Tem gente viajando!
Tem gente de porta fechada e também com tapete de entrada.
Tem o mundo!
Um mundo bem maior do que eu.
E você aí preocupado comigo.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 24 de abril de 2010.
QUARTETO DAS DISSONÂNCIAS, O K465 DE MOZART
Hoje o céu está embaçado
e não vejo Teresópolis,
Terra de terra!
Terra para terra!
Terra em terra!
Mas está azul azul...
Abri todas as janelas
E descanso o olhar pelo espaço,
Voo alto sem chegar a tua terra
O azul não permite que eu aporte teu verde terroso.
Mas eu sei que estão lá
as nossas cantorias e a serra,
o pastel e o cheiro de mato
o frio e as orquídeas
os abraços e a lareira
a chuva e a casaco
as gargalhadas e as subidas
as festas e o sono
a caminhada e as pinhas
o caos na passagem para a criação.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2010.
Hoje o céu está embaçado
e não vejo Teresópolis,
Terra de terra!
Terra para terra!
Terra em terra!
Mas está azul azul...
Abri todas as janelas
E descanso o olhar pelo espaço,
Voo alto sem chegar a tua terra
O azul não permite que eu aporte teu verde terroso.
Mas eu sei que estão lá
as nossas cantorias e a serra,
o pastel e o cheiro de mato
o frio e as orquídeas
os abraços e a lareira
a chuva e a casaco
as gargalhadas e as subidas
as festas e o sono
a caminhada e as pinhas
o caos na passagem para a criação.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2010.
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