domingo, agosto 26



CIRANDA

Beber contornos,
cada vão.
Palmear a pele, arrepio!
Sentir com boca, língua, pernas, virilha
o corpo inteiro.
Esponjar-se como gata
e ronronar
as ânsias dos atritos.
Engolir seiva,
adornar-se com pêlos, suor,
fazer do corpo do outro
moldura do meu.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2007.

segunda-feira, agosto 13

INTUIÇÃO

Tenho sede e tudo me escapa: dúvida.
Tonteira embriagada de possessão,
Invasão de alma,
Alarme soando na pele,
Secura absurda!
Me equilibro em trilhos de bonde
Por toda a cidade.
O outro continua sendo meu maior enigma.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 13 de agosto de 2007.

domingo, agosto 12

VIGÍLIA

Vozes, veludosas, velozes: vulvas!
Vago, vazio no interior: vulvas!
Vácuo de vento, ventosas,
Sugam vívidas uvas,
Vinho de sangue afirma
O ser no não-ser: vulvas!

Voluntárias, virgens, vitórias: vulvas!

Violentas e ternas: meninas, mulheres, velhas.
União de três pontas côncavas,
Símbolo celta: vulvas!

Vão, vento, veloz,
Vais e vindas (vida!): veneno.

Ana Cláudia Abrantes e Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2007.