terça-feira, junho 16

O LIVRO: ONTEM, HOJE E AMANHÃ

O LIVRO: ONTEM, HOJE E AMANHÃ

por Alexandre Lima

Se você pedir para uma pessoa descrever fisicamente um livro, provavelmente te dirá que é “uma coleção de folhas de papel, impressas ou não, cortadas, dobradas e reunidas em cadernos cujos dorsos são unidos por meio de cola, costura, formando um volume que se recobre com capa resistente”. Talvez não seja uma resposta tão elaborada como essa. Afinal, essa é acepção do Dicionário Houaiss, mas destacará ou pelo menos mencionará o papel como elemento fundamental.
Sabemos que hoje em dia há outros suportes que nos permitem acessar uma obra. Na época em que dicionário foi feito (2001), já havia essa perspectiva. Listava-se o “disquete” como um dos suportes do livro. O disquete era um tipo de disco de mídia flexível, cuja capacidade restringia-se a 1.44 MB. Hoje a noção de suporte do livro é muito mais virtual. Considera-se até mesmo a extensão de um arquivo como livro. Resumindo a história recente: passamos por um período de adaptação para os suportes digitais, em que podemos passar de um texto para o outro com apenas um click.
O interessante é que o papel não foi o único recurso utilizado para a realização de um livro. Se recuarmos no tempo, identificaremos outros suportes, que, em um dado momento, coexistiram, até serem suplantados pelo papel. Destacam-se o papiro e o pergaminho. O papiro é união de finas lâminas extraídas do talo de uma espécie vegetal comum às margens do Nilo. Há indícios dos primeiros usos dessa técnica a 3000 a.C. Foi usado pelo menos entre os sécs. IV a.C. e IX d.C., pelos gregos. Já o pergaminho é feito de pele de animal, especificamente a derme. Teria sido utilizado desde 2700 a.C. O nome deriva da cidade de Pérgamo. O rei Eumenes II criou esse suporte para solucionar a falta de papiro. A título de curiosidade, os milhares de fragmentos de manuscritos religiosos encontrados em Qumran perto do Mar Morto são pergaminhos. O desafio dos cientistas é remontar o imenso quebra cabeça. Para isso, estão usando o exame de DNA para reunir fragmentos do mesmo livro.
Já o papel surgiu apenas no ano de 105 d.C., na China. Para sua produção, utilizou-se a pasta de elementos fibrosos de natureza vegetal, que ao secar receberam a forma de folhas.
Você acha que o formato do livro sempre foi semelhante a um caderno? Antes havia o volume. Era um rolo composto de folhas, normalmente de papiro, coladas umas às outras pelas laterais, formando uma longa sequência em cujas extremidades se colocavam bastões que seriam para desenrolar e enrolar com cada uma das mãos. Muito estranho? Então pare para pensar na forma como estão dispostas as páginas de um livro em pdf. A diferença é que no pdf o “desenrolar” é vertical.
Outro formato foi o códice. Esse antepassado histórico do livro foi implementado entre os sécs. II e IV d.C., em função da progressiva substituição do papiro pelo pergaminho. As folhas eram dobradas ao meio e colocadas umas dentro das outras, constituindo assim um conjunto a que se chama de caderno. Estes eram costurados uns aos outros, com uma capa de material firme. A palavra códice significa “tronco de árvore”. Da madeira se faziam tabuinhas, que cobertas de cera, podiam receber a escrita. Amarradas pela margem, à moda dos livros atuais, formavam os códices.
Como será livro no futuro? Com certeza, os suportes continuarão a se modificar, sempre acompanhando as novas tecnologias, os recursos disponíveis, os interesses econômicos e, principalmente, a maneira como o ser humano se relaciona com a leitura.
Certa vez, folheando um livro antigo, encontrei a folha de árvore, da imagem desse texto, cuja mensagem transcrevo: “esta folha foi colhida no jardim do Collegio no dia 20 de Junho de 1912”. Posso ver esse estudante, sentado no pátio do colégio, no intervalo das aulas, cheio de desafios, próprios de um jovem do segundo ano ginasial do início do século XX. Mas uma coisa o silenciou por alguns instantes. Seria uma paixão? Seria uma desilusão? Seria a esperança sobre uma vida que estava só começando? Numa folha do jardim, quis conservar a lembrança daquele momento. E o livro foi para a folha uma cápsula desse instante. Assim também é o livro para a obra. É claro que essa cápsula não dura para sempre, mas leva a várias gerações um recorte do tempo. Guarda a obra, essa pequena folha da árvore de nossa história.

segunda-feira, junho 15

Local de fala


Fonte do gráfico: https://www.blogstayfoolish.com/post/o-que-%C3%A9-lugar-de-fala

ECA artigo 18

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
LEI Nº 8.069, de 13 de julho de 1990

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

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