"A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz".
Ferreira Gullar
quinta-feira, agosto 26
quinta-feira, abril 29
segunda-feira, abril 26
ENTUSIASMO
Sempre tive a impressão de que poeta era algo grande e forte.
Decepção atrás de decepção
Quando me vi engatilhando pelos livros e querendo ser também
Quando vi que é de uma humanidade úmida e febril
Quando intui em tremor sísmico que todos morrem das mesmas dores que todo homem.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2010.
Sempre tive a impressão de que poeta era algo grande e forte.
Decepção atrás de decepção
Quando me vi engatilhando pelos livros e querendo ser também
Quando vi que é de uma humanidade úmida e febril
Quando intui em tremor sísmico que todos morrem das mesmas dores que todo homem.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2010.
ORIKI
Salve, Oxossi caçador!
Ele caminha pela folhas e pelos galhos e sua flecha é certeira!
Ele dorme sem dormir, ele descansa sem repousar,
porque ele anda sobre os ventos e caça dia e noite.
Tem uma única flecha e não pode errar!
Que ele nos ajude a acertar sempre!
Okê okê, Oxossi!
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2010.
Salve, Oxossi caçador!
Ele caminha pela folhas e pelos galhos e sua flecha é certeira!
Ele dorme sem dormir, ele descansa sem repousar,
porque ele anda sobre os ventos e caça dia e noite.
Tem uma única flecha e não pode errar!
Que ele nos ajude a acertar sempre!
Okê okê, Oxossi!
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2010.
DEPARAR-SE
A carta do julgamento é a mais alarmante de todas.
Não pelo julgamento em si
- ato contínuo e até involuntário do nosso dia-a-dia - ,
mas pelo que carrega pesadamente as asas do anjo:
a incerteza de estar sendo justo.
Isto é o agudo da trombeta que enlouquece.
Isto é a campa que sufoca.
Isto é o sim e o não sem volta.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2010.
A carta do julgamento é a mais alarmante de todas.
Não pelo julgamento em si
- ato contínuo e até involuntário do nosso dia-a-dia - ,
mas pelo que carrega pesadamente as asas do anjo:
a incerteza de estar sendo justo.
Isto é o agudo da trombeta que enlouquece.
Isto é a campa que sufoca.
Isto é o sim e o não sem volta.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2010.
CRONIQUINHA
Um namorado de um amigo anda fumando com Clarice e eu num afã de exposição comentei:
PERFEITA COMPANHIA. PENA QUE NÃO FUMO... HÁ COISAS QUE ALIVIAM E ALEGRAM MESMO A GENTE FORA DE NÓS? VIXE... FIQUEI CLARICEANA AGORA... PERDÃO! ANDO MEIO ASSIM-ASSIM.
Ainda bem que há o recurso de não enviar... Guardei o comentário pra mim...
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2010.
Um namorado de um amigo anda fumando com Clarice e eu num afã de exposição comentei:
PERFEITA COMPANHIA. PENA QUE NÃO FUMO... HÁ COISAS QUE ALIVIAM E ALEGRAM MESMO A GENTE FORA DE NÓS? VIXE... FIQUEI CLARICEANA AGORA... PERDÃO! ANDO MEIO ASSIM-ASSIM.
Ainda bem que há o recurso de não enviar... Guardei o comentário pra mim...
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2010.
ME DEIXA, CAMARADA
Não quero viver aqui!
Naõ quero fugir daqui!
Você, você aí!
Que não sabe para além do que vê,
Tem gente caindo por dentro e também levantando,
Tem gente viajando!
Tem gente de porta fechada e também com tapete de entrada.
Tem o mundo!
Um mundo bem maior do que eu.
E você aí preocupado comigo.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 24 de abril de 2010.
Não quero viver aqui!
Naõ quero fugir daqui!
Você, você aí!
Que não sabe para além do que vê,
Tem gente caindo por dentro e também levantando,
Tem gente viajando!
Tem gente de porta fechada e também com tapete de entrada.
Tem o mundo!
Um mundo bem maior do que eu.
E você aí preocupado comigo.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 24 de abril de 2010.
QUARTETO DAS DISSONÂNCIAS, O K465 DE MOZART
Hoje o céu está embaçado
e não vejo Teresópolis,
Terra de terra!
Terra para terra!
Terra em terra!
Mas está azul azul...
Abri todas as janelas
E descanso o olhar pelo espaço,
Voo alto sem chegar a tua terra
O azul não permite que eu aporte teu verde terroso.
Mas eu sei que estão lá
as nossas cantorias e a serra,
o pastel e o cheiro de mato
o frio e as orquídeas
os abraços e a lareira
a chuva e a casaco
as gargalhadas e as subidas
as festas e o sono
a caminhada e as pinhas
o caos na passagem para a criação.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2010.
Hoje o céu está embaçado
e não vejo Teresópolis,
Terra de terra!
Terra para terra!
Terra em terra!
Mas está azul azul...
Abri todas as janelas
E descanso o olhar pelo espaço,
Voo alto sem chegar a tua terra
O azul não permite que eu aporte teu verde terroso.
Mas eu sei que estão lá
as nossas cantorias e a serra,
o pastel e o cheiro de mato
o frio e as orquídeas
os abraços e a lareira
a chuva e a casaco
as gargalhadas e as subidas
as festas e o sono
a caminhada e as pinhas
o caos na passagem para a criação.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2010.
quinta-feira, abril 15
sábado, janeiro 2
Quase de verdade!
Um quase de então
que se espera
com o sol de janeiro.
O som da rua se avizinha...
O surdo na multidão se que multiplica...
O choro alegre da cuíca a seduzir...
Quase lá...
No abre-alas,
estandarte escrito "férias: ainda que tardia"
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 02 de janeiro de 2010.
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