INTUIÇÃO
No dobrar da esquina,
Colisão:
Corpos se acham,
Alumbramento a la Bandeira.
Constatação a la Drummond:
E agora, você?
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 30 de junho de 2007.
sábado, junho 30
quinta-feira, junho 28

TRÊS
Dois corpos na pista:
Sem compasso,
Desencontrados.
Um corpo só:
Observação ininteligível.
Olhares se cruzam,
A dança estanca,
Três corpos a se mirarem...
De repente, o constrangimento se desfaz:
Braços voltam a enlaçar cintura,
Mão prende nuca.
O mistério de Eros se faz:
A escolha de pares
Está acima do entendimento dos mortais.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 25 de junho de 2007.
Dois corpos na pista:
Sem compasso,
Desencontrados.
Um corpo só:
Observação ininteligível.
Olhares se cruzam,
A dança estanca,
Três corpos a se mirarem...
De repente, o constrangimento se desfaz:
Braços voltam a enlaçar cintura,
Mão prende nuca.
O mistério de Eros se faz:
A escolha de pares
Está acima do entendimento dos mortais.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 25 de junho de 2007.
MEDO DOS MEDOS
Solidão em deserto povoado de braços e bocas,
Pernas, pernas, pernas!
Todos amarando meu corpo.
Ai de mim! Ai de mim que sou esfinge,
Metáfora nesse lago de recortes
E não suporta essa despersonalização.
Ai de mim que sou carnalmente etérea,
Luxuriosamente santificada,
Concretamente sonhos trágicos.
O inferno! O inferno é definitivamente subjetivo.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 25 de junho de 2007.
Solidão em deserto povoado de braços e bocas,
Pernas, pernas, pernas!
Todos amarando meu corpo.
Ai de mim! Ai de mim que sou esfinge,
Metáfora nesse lago de recortes
E não suporta essa despersonalização.
Ai de mim que sou carnalmente etérea,
Luxuriosamente santificada,
Concretamente sonhos trágicos.
O inferno! O inferno é definitivamente subjetivo.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 25 de junho de 2007.
ORÍKÌ
Mãe d’água,
Olhos de presente e futuro,
Desaguar de alegria, tristeza, êxtase,
Espalhar de força e graça,
Recanto e charme,
Ímpeto e fruição,
Abençoai seus filhos!
Ora iyê iyê ô!
Ora iyê iyê ô!
Que eles tragam sua luz,
Que em seus corpos humanos
Representem sua divindade.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 24 de junho de 2007.
Mãe d’água,
Olhos de presente e futuro,
Desaguar de alegria, tristeza, êxtase,
Espalhar de força e graça,
Recanto e charme,
Ímpeto e fruição,
Abençoai seus filhos!
Ora iyê iyê ô!
Ora iyê iyê ô!
Que eles tragam sua luz,
Que em seus corpos humanos
Representem sua divindade.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 24 de junho de 2007.


A SERVIÇO DO PORRE E DA AMIZADE*
É, minha gente... Quem disse que o espírito junino acabou? Saibam que em uma casa do bairro de Colégio amigos se reuniam para celebrar a vida diante de uma fogueira, em noite estrelada, com balões no céu, fogos, enfim, um cenário perfeito – tirando os balões devido a toda problemática de incêndio e coisa e tal, mas que tem sempre uns filhos da puta para soltar... – de véspera de são João.
Teve de tudo: elfos pulando fogueira, batata-doce carbonizada, meninas de Maria-chiquinha e pintinhas, pastel de carne de soja, quentão incrementado, salsichão e bolo de milho divididos irmanamente, uma noiva acidental, banho de cerveja com direito a hidratação capilar.
Como o que importa é a filosofia improvisada e cotidiana, chegamos a muitas considerações – nenhuma conclusão, afinal tudo é possível e qualquer equação quebrar-se diante da subjetividade. Ao longo da bebedeira seriedade, bobeira e dores e felicidades extremas foram aparecendo:
1. Homem é tudo igual, só muda o CPF, porque, na verdade, mulher também é tudo igual... E tanto um quanto outro se igualam, logo, é o ser humano que não presta... Que merda, hein?
2. Ninguém ajuda ninguém a subir na vida. Até o ditado de “quem tem padrinho não morre pagão” está perdendo a validade.
3. Que se até um certa idade não se aprendeu a cavalgar, já era... Mas a esperança fica sempre a espreitar machadianamente com seus olhos verdes pelos cantos de nos mesmos.
4. Conseqüência do item acima: quando nos vemos com um tempo que nunca tivemos, procuramos realizar desejos guardados e graças a Deus que o tempo de executá-los chegou! Então, vale tudo: equitação, hidroginástica, puxar ferro, meditação, caminhadas e trilhas, noitadas, fumar, carimbos de sapinhos, teatro toda semana, ler Vogue, Boa Forma e Elle, comprar perfumes caros, matar aula para beber.
5. a vida é um carpe diem injusto, porque a cada dia que passa o nosso corpo morre um pouco, não importa se aproveitamos ou não... So, baby... o Sul é perto. Viva o shype! Viva a teoria do “L”!
6. Toda transgressão implica um nível de subjetivismo. Cada ultrapassagem de limite é mesmo que subconscientemente pré-determinada, sendo assim, os limites individuais nunca são ultrapassados... Piração? Que nada! Faremos até camisetas que sintetizam metaforicamente essa questão complexa com o seguinte dizer: “fumar maconha é mole. Quero ver dar o cu”. Trash? Mas cabal! Quem se sentir muito radical vai adaptar por “elemento químico”.
7. As comunidades do orkut são a liberação de toda forma criativa e anti-repressiva. A maioria de ídolos urbanos que refletem nosso imaginário coletivo. A comunidade “Kinoplex” é uma delas. O termo é uma grande metáfora! Tudo pode ser kinoplex, o que torna o uso extremamente lúdico. Ele continua rendendo gargalhadas até hoje. Outra comunidade que precisa surgir é “Porra, Nenhém!” – o autor do aforismo, por motivos de segurança de todos os citados nos créditos, precisa permanecer anônimo... ela dá a dimensão de um relacionamento, seja ela qual for, é um misto de doçura e rispidez e é exatamente esse tempero que torna interessante o convívio. Na verdade, o ser inominado é ídolo de parte da galera, cada qual por seus motivos... Ele é o brucutu mais terno das redondezas, ou seria o terno mais brucutu? Vai entender a alma humana...
8. O dark room é um reflexo de uma dark mind: se um não vê, não toma consciência nem registra plasticamente os fatos, logo, o seu interior não é motivado a participar de uma interação completa o que poderia conduzir a um envolvimento. Quem não vê isola-se mesmo na extrema torça com corpos. Considerações psicológicas seriíssimas... O mundo hipermoderno despersonifica, é um fato.
9. Vender cabelo e fotos para própria namora é uma forma de capitalizar. E por que não seria?
Ninguém soube ao certo quando a fesa acabou, mas certamente todos devem ter dormido com um meio sorriso. Afinal, como salientou uma alma sábia: “Falar besteira é muito bom!”
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 25 de junho de 2007.
* Parte do dizer encontrado no bar Bip-Bip em Copacabana: “38 anos a serviço do porre e da amizade.”
** Agradecimentos ao amiguinho Elfo por ceder sua casa, a Tatá, Naná e Peteleco, a Aninha, Amandita e Palmeirex por termos composto esse grupo enlouquecido e frutífero!!
É, minha gente... Quem disse que o espírito junino acabou? Saibam que em uma casa do bairro de Colégio amigos se reuniam para celebrar a vida diante de uma fogueira, em noite estrelada, com balões no céu, fogos, enfim, um cenário perfeito – tirando os balões devido a toda problemática de incêndio e coisa e tal, mas que tem sempre uns filhos da puta para soltar... – de véspera de são João.
Teve de tudo: elfos pulando fogueira, batata-doce carbonizada, meninas de Maria-chiquinha e pintinhas, pastel de carne de soja, quentão incrementado, salsichão e bolo de milho divididos irmanamente, uma noiva acidental, banho de cerveja com direito a hidratação capilar.
Como o que importa é a filosofia improvisada e cotidiana, chegamos a muitas considerações – nenhuma conclusão, afinal tudo é possível e qualquer equação quebrar-se diante da subjetividade. Ao longo da bebedeira seriedade, bobeira e dores e felicidades extremas foram aparecendo:
1. Homem é tudo igual, só muda o CPF, porque, na verdade, mulher também é tudo igual... E tanto um quanto outro se igualam, logo, é o ser humano que não presta... Que merda, hein?
2. Ninguém ajuda ninguém a subir na vida. Até o ditado de “quem tem padrinho não morre pagão” está perdendo a validade.
3. Que se até um certa idade não se aprendeu a cavalgar, já era... Mas a esperança fica sempre a espreitar machadianamente com seus olhos verdes pelos cantos de nos mesmos.
4. Conseqüência do item acima: quando nos vemos com um tempo que nunca tivemos, procuramos realizar desejos guardados e graças a Deus que o tempo de executá-los chegou! Então, vale tudo: equitação, hidroginástica, puxar ferro, meditação, caminhadas e trilhas, noitadas, fumar, carimbos de sapinhos, teatro toda semana, ler Vogue, Boa Forma e Elle, comprar perfumes caros, matar aula para beber.
5. a vida é um carpe diem injusto, porque a cada dia que passa o nosso corpo morre um pouco, não importa se aproveitamos ou não... So, baby... o Sul é perto. Viva o shype! Viva a teoria do “L”!
6. Toda transgressão implica um nível de subjetivismo. Cada ultrapassagem de limite é mesmo que subconscientemente pré-determinada, sendo assim, os limites individuais nunca são ultrapassados... Piração? Que nada! Faremos até camisetas que sintetizam metaforicamente essa questão complexa com o seguinte dizer: “fumar maconha é mole. Quero ver dar o cu”. Trash? Mas cabal! Quem se sentir muito radical vai adaptar por “elemento químico”.
7. As comunidades do orkut são a liberação de toda forma criativa e anti-repressiva. A maioria de ídolos urbanos que refletem nosso imaginário coletivo. A comunidade “Kinoplex” é uma delas. O termo é uma grande metáfora! Tudo pode ser kinoplex, o que torna o uso extremamente lúdico. Ele continua rendendo gargalhadas até hoje. Outra comunidade que precisa surgir é “Porra, Nenhém!” – o autor do aforismo, por motivos de segurança de todos os citados nos créditos, precisa permanecer anônimo... ela dá a dimensão de um relacionamento, seja ela qual for, é um misto de doçura e rispidez e é exatamente esse tempero que torna interessante o convívio. Na verdade, o ser inominado é ídolo de parte da galera, cada qual por seus motivos... Ele é o brucutu mais terno das redondezas, ou seria o terno mais brucutu? Vai entender a alma humana...
8. O dark room é um reflexo de uma dark mind: se um não vê, não toma consciência nem registra plasticamente os fatos, logo, o seu interior não é motivado a participar de uma interação completa o que poderia conduzir a um envolvimento. Quem não vê isola-se mesmo na extrema torça com corpos. Considerações psicológicas seriíssimas... O mundo hipermoderno despersonifica, é um fato.
9. Vender cabelo e fotos para própria namora é uma forma de capitalizar. E por que não seria?
Ninguém soube ao certo quando a fesa acabou, mas certamente todos devem ter dormido com um meio sorriso. Afinal, como salientou uma alma sábia: “Falar besteira é muito bom!”
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 25 de junho de 2007.
* Parte do dizer encontrado no bar Bip-Bip em Copacabana: “38 anos a serviço do porre e da amizade.”
** Agradecimentos ao amiguinho Elfo por ceder sua casa, a Tatá, Naná e Peteleco, a Aninha, Amandita e Palmeirex por termos composto esse grupo enlouquecido e frutífero!!
sábado, junho 23
ENTRELAÇAR
quem ainda sabe perder-se no élan
de querer um corpo com alma
sabe que o movimento é alegre e dor,
é intensamente inebriante e lúcido,
sabe que é dedicar tudo que se tem
sem garantia alguma,
e sabe que é a não-espera
a única certeza
no empreendimento amoroso.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 23 de junho de 2007.
quem ainda sabe perder-se no élan
de querer um corpo com alma
sabe que o movimento é alegre e dor,
é intensamente inebriante e lúcido,
sabe que é dedicar tudo que se tem
sem garantia alguma,
e sabe que é a não-espera
a única certeza
no empreendimento amoroso.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 23 de junho de 2007.
quinta-feira, junho 14
segunda-feira, junho 11
IDIOTISMO OU PECULIARIDADES LINGÜÍSTICAS
viver é isso e muito mais,
aliás...
ais em companhias,
urros na solidão,
escuridão...
olhos negros como as pétalas do pensamento,
afastamento sem decisões
manifesto em passos firmes e compassados pelas ruas de Copacabana.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 11 de junho de 2007.
viver é isso e muito mais,
aliás...
ais em companhias,
urros na solidão,
escuridão...
olhos negros como as pétalas do pensamento,
afastamento sem decisões
manifesto em passos firmes e compassados pelas ruas de Copacabana.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 11 de junho de 2007.
segunda-feira, junho 4
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