domingo, outubro 21

DESNECESSÁRIO

Não preciso passar por você
Que é rio caudaloso
Cheio de destroços
Que volta e meia esbarro.
No meio da travessia
Me pergunto por que,
Se já atravessei meu próprio rio
E meu próprio deserto.
Minha insistência
Não altera a voracidade
Com que as águas me cobrem,
Não ameniza o fluxo constante
Magoando músculos,
Desorientando pensamentos.
Não me afogo,
Não me é dada a opção de morte.
Talvez eu saia encharcada de ti
Entre exaustão e tranqüilidade.
Talvez... Talvez tantas coisas!

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 20 de março de 2003.

Nenhum comentário: