VEREDAS
O que é ser mulher
Nesta vida indireta
Ser atuante
Ser dama...
Ser duas, três
Ou apenas pesquisadora
Incessante do que será
Da primeira face esquecida.
Ser mulher em
Corpo quente e mórbido
Com certeza de vida
E jura de morte.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 07 de junho de 1996.
domingo, dezembro 24
HISTÓRIA DE UM ESQUILO: PARA ADULTOS
Outro dia, vi um esquilo pequeno preso pelas garras nas cascas de uma árvore. Ele me deu a vertigem dos que se movimentam em pânico na hora da fuga. Com a cabeça erguida enquanto o corpo voltava-se para baixo, ele descia com rápidas estancadas pela árvore e trazia uma vivacidade no olhar de quem vê o que está longe e procura alcançar.
Aproximei-me tomada por carinho maternal. Queria capturá-lo através da foto e torná-lo meu! Tê-lo guardadinho para em momentos de desânimo ser reanimada pela força do olhar daquele esquilinho. Falhei... A foto não deu conta do que meu olhar percebia. Fiquei com uma imagem sem alma.
Correria pelo pátio em volta do museu quando o esquilo passou aos galopes. Tentei correr, gritei de alegria e agonia. Perdi! Perdi o esquilo! O carro voltou ligeiro descendo pela estrada em voltas e curvas da serra, porém, nenhuma velocidade motorizada era pálio para o pequenino. Ele possuía a velocidade do vento em si e me contaminou com seu vôo por terra, me deu uma visão de liberdade que não havia percebido nem em passarinhos, nem em aviões e muito menos em asas deltas. Ele voou com patas e unhas afiadas, num puro movimento de vida que deseja prolongar-se.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, maio de 2005.
Outro dia, vi um esquilo pequeno preso pelas garras nas cascas de uma árvore. Ele me deu a vertigem dos que se movimentam em pânico na hora da fuga. Com a cabeça erguida enquanto o corpo voltava-se para baixo, ele descia com rápidas estancadas pela árvore e trazia uma vivacidade no olhar de quem vê o que está longe e procura alcançar.
Aproximei-me tomada por carinho maternal. Queria capturá-lo através da foto e torná-lo meu! Tê-lo guardadinho para em momentos de desânimo ser reanimada pela força do olhar daquele esquilinho. Falhei... A foto não deu conta do que meu olhar percebia. Fiquei com uma imagem sem alma.
Correria pelo pátio em volta do museu quando o esquilo passou aos galopes. Tentei correr, gritei de alegria e agonia. Perdi! Perdi o esquilo! O carro voltou ligeiro descendo pela estrada em voltas e curvas da serra, porém, nenhuma velocidade motorizada era pálio para o pequenino. Ele possuía a velocidade do vento em si e me contaminou com seu vôo por terra, me deu uma visão de liberdade que não havia percebido nem em passarinhos, nem em aviões e muito menos em asas deltas. Ele voou com patas e unhas afiadas, num puro movimento de vida que deseja prolongar-se.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, maio de 2005.
sábado, dezembro 23

CARDUME PSICODÉRICO
Que peixe fora d'água que nada!
Somos peixes do ar,
apenas isto,
apenas outra espécie
que é meio homem,
meio bicho do mato,
meio estrela cadente,
meio Orixá,
meio Lua e mar,
com alguns muitos pedaços
deixados pelas vias e veredas roseanas.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 2004.
REBELDIA
Não quero morrer e virar cartas
Não quero morrer e virar como-era-maravilhosa
Porque não sou!
Na verdade, não quero morrer mesmo...
Quero a eternidade de um abraço
Que me acorde nas manhãs de domingo
Pelo menos uns trinta anos antes do inevitável –
pois não tem jeito, se morre...
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 17 de outubro de 2004.
Não quero morrer e virar cartas
Não quero morrer e virar como-era-maravilhosa
Porque não sou!
Na verdade, não quero morrer mesmo...
Quero a eternidade de um abraço
Que me acorde nas manhãs de domingo
Pelo menos uns trinta anos antes do inevitável –
pois não tem jeito, se morre...
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 17 de outubro de 2004.
TEMPORALIDADE
www.hoje//é_véspera_de_amanhã. sempre
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 14 de outubro de 2004.
www.hoje//é_véspera_de_amanhã. sempre
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 14 de outubro de 2004.
ESTADO DE GRAÇA
Com a Primavera tudo mudou:
laços, com nós por baixo,
tornaram-se fitas longas,
estradas visitantes de praias,
vales, planaltos, montanhas
a caminho do deus,
vias limpas, frescas,
perfumadas e claras,
caminhos rumo à luz;
o mar e os rios cantam em festa,
é o renascer da Menina –
visão do mundo por olhos de fé –,
é a energia manifesta no homem,
pois todas as feras são afastadas,
é a vida sendo restituída.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 28 de setembro de 2004.
Com a Primavera tudo mudou:
laços, com nós por baixo,
tornaram-se fitas longas,
estradas visitantes de praias,
vales, planaltos, montanhas
a caminho do deus,
vias limpas, frescas,
perfumadas e claras,
caminhos rumo à luz;
o mar e os rios cantam em festa,
é o renascer da Menina –
visão do mundo por olhos de fé –,
é a energia manifesta no homem,
pois todas as feras são afastadas,
é a vida sendo restituída.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 28 de setembro de 2004.
SEM TÍTULO I
Às vezes, como agora, eu quero
Ter a oportunidade de nascer de novo,
Para poder descobrir o mundo, talvez,
De outras formas.
Quero a chance de tentar não fracassar
Nos meus experimentos tão freqüentemente
E ter que fazer reparos permanentes
Nas conclusões de meus relatórios.
E, nessa nova vida, poder ficar
O mais longe possível de gente.
Seria um eremita júnior!
Leria o mundo pelos sentidos
E dos homens teria
O que eles contam nos livros,
Contato mais nenhum.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de julho de 2004.
Às vezes, como agora, eu quero
Ter a oportunidade de nascer de novo,
Para poder descobrir o mundo, talvez,
De outras formas.
Quero a chance de tentar não fracassar
Nos meus experimentos tão freqüentemente
E ter que fazer reparos permanentes
Nas conclusões de meus relatórios.
E, nessa nova vida, poder ficar
O mais longe possível de gente.
Seria um eremita júnior!
Leria o mundo pelos sentidos
E dos homens teria
O que eles contam nos livros,
Contato mais nenhum.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de julho de 2004.
ANIMA
Um menino me ligou
E foi a juventude em festa! – a minha e a dele.
Era a alegria que antecede o pasmo do real.
Era um quê de felicidade,
Um rasgo de glamour que passou
Quando veio a voz amarga da anciã
Que habita aqui a indagar:
- E o amor?
Passei o restante do dia triste...
Rio de Janeiro, 28 de março de 2004.
Angélica de Oliveira Castilho
Um menino me ligou
E foi a juventude em festa! – a minha e a dele.
Era a alegria que antecede o pasmo do real.
Era um quê de felicidade,
Um rasgo de glamour que passou
Quando veio a voz amarga da anciã
Que habita aqui a indagar:
- E o amor?
Passei o restante do dia triste...
Rio de Janeiro, 28 de março de 2004.
Angélica de Oliveira Castilho
DIGRESSÃO
Li “subterfúgios” e fui até o dia
Em que usou um para me tirar de sala,
Me roubar um beijo suspirado,
Me tirar do prumo.
E qual uso agora?
Tarde morna, de vento parado e dominical.
Que saudade do sotaque pelo telefone,
Da letra em meu rascunho,
Do olhar fixo no tornozelo,
De ser querida em lato sensu.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 28 de março de 2004.
Li “subterfúgios” e fui até o dia
Em que usou um para me tirar de sala,
Me roubar um beijo suspirado,
Me tirar do prumo.
E qual uso agora?
Tarde morna, de vento parado e dominical.
Que saudade do sotaque pelo telefone,
Da letra em meu rascunho,
Do olhar fixo no tornozelo,
De ser querida em lato sensu.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 28 de março de 2004.
AVE, LAETITA!
Ando com uma saudade do Rosa,
com uma vontade errante
de ir pelos sertões
e ser tão mais eu mesma
naquela imensidão de palavras-universos.
Ando com vontade
de descobrir emoções, versos
e tomá-los pelas mãos
e girar até cair em êxtase abençoada notudo.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 21 de março de 2004.
Ando com uma saudade do Rosa,
com uma vontade errante
de ir pelos sertões
e ser tão mais eu mesma
naquela imensidão de palavras-universos.
Ando com vontade
de descobrir emoções, versos
e tomá-los pelas mãos
e girar até cair em êxtase abençoada notudo.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 21 de março de 2004.
ÀS MUSAS
Fui mordida pelo fruto do Bem e do Mal.
O conhecimento que desejava ter
Agora me tem.
E o desejo, serpente astuta,
Se mascara com as mais fascinantes promessas
“Bonheur! Bonheur! Bonheur!”, diz
E meu espírito leva.
O pecado não existe,
Sabedoria é salvação.
Deus a deu a Salomão em doses generosas.
A perdição e saber que é curta a vida para compreender tudo que se dela deseja
O dilaceramento está na escolha:
vivê-la sem questionar mais nada
ou buscar as coisas saber.
Ah, como é curto o tempo...
Vive melhor quem ignora?!
Não tenho coragem de vomitar o fruto,
Seu sabor é único e vem à boca
A cada livro entendido,
A cada observação feita
A cada olhar que enxerga.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 13 de setembro de 2003.
Fui mordida pelo fruto do Bem e do Mal.
O conhecimento que desejava ter
Agora me tem.
E o desejo, serpente astuta,
Se mascara com as mais fascinantes promessas
“Bonheur! Bonheur! Bonheur!”, diz
E meu espírito leva.
O pecado não existe,
Sabedoria é salvação.
Deus a deu a Salomão em doses generosas.
A perdição e saber que é curta a vida para compreender tudo que se dela deseja
O dilaceramento está na escolha:
vivê-la sem questionar mais nada
ou buscar as coisas saber.
Ah, como é curto o tempo...
Vive melhor quem ignora?!
Não tenho coragem de vomitar o fruto,
Seu sabor é único e vem à boca
A cada livro entendido,
A cada observação feita
A cada olhar que enxerga.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 13 de setembro de 2003.

DILACERADA!
Pedaços de mim flutuam pela casa.
Outros estão largados
Na Letras,
Na Linha Vermelha,
No Túnel Santa Bárbara,
Na Lagoa,
No Humaitá – campo de batalha! –,
Em Santa Tereza – nas ladeiras
a caminho do calvário onde
me sacrifiquei ao Homem
e de onde correu meu sangue
que banhou a nós
que banhou a cidade
em explosão sôfrega
de beijo-chorado
entre abraços-espadas
olhares-meteoros
palavras-cadentes.
No Santos Drumond...
Eu era Cristo, Joana D’arc,
São Jorge em suas mortes,
Em suas vidas...
Eu entendia, enfim,
Que a suprema alegria do encontro
Pode ser, igualmente,
A dor absoluta da perda.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 15 de março de 2003.
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