domingo, dezembro 24

HISTÓRIA DE UM ESQUILO: PARA ADULTOS

Outro dia, vi um esquilo pequeno preso pelas garras nas cascas de uma árvore. Ele me deu a vertigem dos que se movimentam em pânico na hora da fuga. Com a cabeça erguida enquanto o corpo voltava-se para baixo, ele descia com rápidas estancadas pela árvore e trazia uma vivacidade no olhar de quem vê o que está longe e procura alcançar.
Aproximei-me tomada por carinho maternal. Queria capturá-lo através da foto e torná-lo meu! Tê-lo guardadinho para em momentos de desânimo ser reanimada pela força do olhar daquele esquilinho. Falhei... A foto não deu conta do que meu olhar percebia. Fiquei com uma imagem sem alma.
Correria pelo pátio em volta do museu quando o esquilo passou aos galopes. Tentei correr, gritei de alegria e agonia. Perdi! Perdi o esquilo! O carro voltou ligeiro descendo pela estrada em voltas e curvas da serra, porém, nenhuma velocidade motorizada era pálio para o pequenino. Ele possuía a velocidade do vento em si e me contaminou com seu vôo por terra, me deu uma visão de liberdade que não havia percebido nem em passarinhos, nem em aviões e muito menos em asas deltas. Ele voou com patas e unhas afiadas, num puro movimento de vida que deseja prolongar-se.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, maio de 2005.

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