sábado, março 19

GRAU DE SENSIBILIDADE

Me pergunto quem será essa pessoa dentro de mim que eu quero que me ame sem eu a amar com os conceitos que a humanidade me oferece de amor. Só exercito um sentimento novo de espanto e deleite e propriedade e enjoo e esquecimento que não tem nome, mas é original. Mãe é nome que não dá conta memso, seu preenchimento foi sendo equivocado de relato pra relato, de mito pra mito. Estou sendo é mulher!

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 15 de março de 2011.

domingo, fevereiro 27


PASMO

Dentro de mim tem um mundo!
Que cresce galopantemente

Frenética, alucinada e harmônica
Me desloco uNa em dois
Que sou e não vejo.

Dentro de mim tem um outro!

Dúvida e certeza de uma identidade
Quem será o rapaz ou a moça
Que cruzará minha porta todos os dias
Até minha morte?


Dentro de mim tem um filho...


Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 27 de fevereiro de 2011.


sexta-feira, setembro 24

"A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz".
Ferreira Gullar

PAPISA



Ocultar o que se tem para se ter.

O mistério em si é não haver nada além da essência e do físico

no espelho: inverso e sinistro,

mulher em ser o outro sem perder

o que a faz ser luz.



O logos e o eros se fazem carne em palavras!



Angélica Castilho




quinta-feira, agosto 26

DESCONSIDERAÇÃO DO POETA
O poeta é podre
e na sua podridão envenena.
Quem diz, quem diz
que licor de anis é fel?
Quem diz, quem diz
que ele faz vítimas com o que diz?

agosto de 2010

quinta-feira, abril 29

FATOS

Não escrevo
sobre amor
ultimamente,
Finalmente não precisa.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 27 de abril de 2010.
EXPECTATIVA

Não vejo
Para além
Da alegria que quero ter.

Não vejo, mas fico
Esperando toda
Manhã pelos olhos
Que não vêem
Como o cego da história.

Intuo um mar de glórias depois,
Depois de tudo ter sido vivido.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 28 de abril de 2010.

segunda-feira, abril 26

ENTUSIASMO

Sempre tive a impressão de que poeta era algo grande e forte.
Decepção atrás de decepção
Quando me vi engatilhando pelos livros e querendo ser também
Quando vi que é de uma humanidade úmida e febril
Quando intui em tremor sísmico que todos morrem das mesmas dores que todo homem.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2010.
ORIKI

Salve, Oxossi caçador!
Ele caminha pela folhas e pelos galhos e sua flecha é certeira!
Ele dorme sem dormir, ele descansa sem repousar,
porque ele anda sobre os ventos e caça dia e noite.
Tem uma única flecha e não pode errar!
Que ele nos ajude a acertar sempre!
Okê okê, Oxossi!

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2010.
PASSAGEM

Vivo outra condição
Circunstância de um sempre de minuto a minuto!
Tempo! Tempo! Tempo!
O mais abrangente de todos os orixás.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 2010.
AUTORRETRATO

Sou uma pessoa muito,
muito séria,
por isso
vivo alegre e risonha.
Paradoxalmente humana...

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 2010.
PASSAGEM

Vivo outra condição
Circunstância de um sempre de minuto a minuto!
Tempo! Tempo! Tempo!
O mais abrangente de todos os orixás.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 2010.
METAPOESIA

Estado de alerta do poeta:
Grafia alterada pelo novo acordo ortográfico!

Dizer o de sempre
que anda comendo a gente por dentro
de maneira estranha dá ares de novidade...

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 2010.
DEPARAR-SE

A carta do julgamento é a mais alarmante de todas.
Não pelo julgamento em si
- ato contínuo e até involuntário do nosso dia-a-dia - ,
mas pelo que carrega pesadamente as asas do anjo:
a incerteza de estar sendo justo.
Isto é o agudo da trombeta que enlouquece.
Isto é a campa que sufoca.
Isto é o sim e o não sem volta.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2010.
ORFANDADE

Dor. Dor. Dor.
Caminho há dias dentro de mim para terra alguma.

O que faz o homem quando quem lhe deu a vida morre?

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2010.
CRONIQUINHA

Um namorado de um amigo anda fumando com Clarice e eu num afã de exposição comentei:
PERFEITA COMPANHIA. PENA QUE NÃO FUMO... HÁ COISAS QUE ALIVIAM E ALEGRAM MESMO A GENTE FORA DE NÓS? VIXE... FIQUEI CLARICEANA AGORA... PERDÃO! ANDO MEIO ASSIM-ASSIM.
Ainda bem que há o recurso de não enviar... Guardei o comentário pra mim...

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2010.
ORIKÍ

Luz! Luz!
Céu de abril festejando Ogum.

Luz! Luz!
Cerveja aberta, chapéu bicado, passo apertado, lá vai!
Lá vai o Homem acender velas,
fechar o corpo
e saudar o dono dos caminhos.
Ogum iê!
Ogum iê!
Ogum iê!
Meu Pai!

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 20 de abril de 2010.
MERGULHO

Trabalho em si,
ensimesmado.
Livros, livros, livros!

Solidão do corpo e orgia da mente.


Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 21 de abril de 2010.