quinta-feira, novembro 1

HÁ A NECESSIDADE SUPREMA DE ABNEGAÇÃO NO AMOR AO SAMBA

O título é um trecho de Hiran Araújo, um apaixonado por carnaval e estudioso dedicado do tema. E é em nome de amor igualmente incondicional que amigos fundamentais – como conceitua belamente Nelson Rodrigues – fundam um bloco singular que ousa ir além do real e aceitando quem for bom da cabeça e sadio do pé mesmo por vias virtuais.
Em um primeiro momento, nossos desfiles se limitam pelos bares e nosso som e à capela. Usamos o instrumento musical primordial: a voz.
Com três etapas, logo, com três nomes distintos. Eis o mistério da trindade carnavalesca: Cordão da Jaca Dura, Unidos da Afliceta e Pororoca. Um está no outro e os dois primeiros formam o terceiro: encontro das águas com todo vigor e beleza que há nos encontros da vida!
A saudação entre os integrantes: Evoé! Evoé! Como bons carnavalescos, saudamos a Baco. “Evan” é um dos epítetos do deus, que nunca esquecido, permanece entre nós nesses dias momescos e por todo ano pelos bares da cidade. Podem nos chamar de bacantes, embora não cometamos toda sorte de excessos como na Antigüidade elas faziam – os excessos agora são cometidos só por políticos... altamente apolíneos... Nossos excessos são de alegrias, de sorrisos, de incontinências prazerosas, que é o que carioca anda precisando.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2007.

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