segunda-feira, julho 28




As horas nuas Lygia Fagundes Telles

Eu confessava que colhia as flores matinais e depressa antes que viessem as ventanias e as tempestades. Fui armando o meu enorme buquê, fui compondo o arranjo floral a meu modo quando então começaram os imprevistos, os sustos, ah! Como fugiam do meu controle as flores que foram murchando, as pétalas que foram caindo. Começaram a aparecer buracos. Mais buracos e o arranjo se desarranjou, perdeu o brilho e eu mesma, hein?! Onde a graça da colhedora da manhã? (As horas nuas, de Lygia Fagundes Telles, 1989, p. 181)

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