quinta-feira, julho 31

COQUETEL: RAZÃO E SENSIBILIDADE

Ando pensando freqüentemente nas maiores banalidades desse cotidiano com hora marcada e lugar estipulado de quem quiser estar presente. Ando sonhando com você e acordo de madrugada já achando ser hora de sair. Que nome dar – sou obcecada por nomes! – ao que sinto? Não há coração acelerado, não há admiração irrestrita, não há toques. Há, no entanto, um fio que se estabelece quando os olhares se cruzam e não conseguem se desprender: mergulho no outro em uma quase projeção astral.
Hoje sai triste, triste, triste. Houve uma frustração dessa expectativa estranha e fora dos padrões. Hoje era sua outra face que estava presente. Hoje tudo estava amaríssimo nesse imã de olhares. Hoje se fez presente apenas corpos. Hoje as almas saíram para passear por aí e nem disseram quando voltariam e, que chato, chegaram quando já estava principiando meu caminho de casa. E elas voltaram tão abruptamente que a minha chegou e ficou meio tonta, meio a flor da pele, meio menina de dez anos e a sua só passou e deu um alô de exatamente três minutos. Fatalidade: confronto entre um corpo tosco e uma alma cândida demais. Resultado: uma tarde de soluços e orações seguidos de verdadeiro desejo de não sonhar mais, dormindo ou acordada, com você.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 31 de julho de 2008.

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