domingo, maio 18

SENTIMENTOS NADA NOBRES

Um surto de inveja mareja os olhos desse homem que não entende o episódio. E indaga-se entre o pasmo e o ódio: por que não eu?! A sala apocalíptica reflete calma. As cadeiras mudas contaminam tudo. O rasgar dos envelopes, o correr da caneta, a luz na parede.
Saída e entrada. Transpor a porta é cair no corredor efêmero entre o sim e o não. Um mundo que se apresenta sem possibilidades. Uma não-aceitação sufocante.
Como ser estóico? Como não morder o pecado, não lhe sugar todo o úmido, não roer os caroços, não engolir a poupa áspera em grandes dentadas? Como não olhar a felicidade sem a querer para si?
O homem sofre porque é homem! A perfeição é uma artimanha do Diabo e uma utopia de Deus.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 18 de maio de 2008.

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