domingo, dezembro 20

Coração de Jesus, Tarsila do Amaral.
Morro da Favela, de Tarsila do Amaral.

Construção

Espaço em branco até um instante que não se sabe.
Evasão para workshops: choque!
Satisfação na exaustão de ser cotidianamente ativo.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2009.



quinta-feira, outubro 15

NO CAMINHO DO AR

não sei se fico ou se passo.
não sei o acaso ou a certeza.
não sei nada além do vento intenso dentro e fora de mim.
não sei nada além do sim, Oiá.
Oiá,força e grandeza,
vento brando e vento forte,
moça de bailado alongado e de caminhar firme.
Oiá, Oiá! só sei o sim.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 15 de outubro de 2009.

terça-feira, setembro 15

PASMO BEATIFICADOR

Amor é a dor de um dedo o olho:
Incomoda e desperta
Imobiliza o corpo em desorientação profunda
Interroga cada sorriso louco de gato de Alice.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2009.
IFÁ

Hoje falei mal e bem de alguém que não é. Não é porque não penso nele/nela, mas que existe substancialmente: é massa, é corpo, é voz.
Passei pelo alívio da confissão e pelo sentimento de culpa por ter visto a tinta negra de um rosto por baixo de uma máscara. Constatei o sim e o não de alguém e o meu sim e não. Constatei que as relações são fatais no bem e no mal e que os conflitos aparecem na sua frente calmamente como um convite para passeio.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2009.
16h39min

terça-feira, setembro 8

Vampire, Edvard Munch.

DEMÊNCIA



Não há motivo algum para sermos felizes

e mesmo assim somos

Apesar de!



O que salva o homem de si mesmo

é o grito:

uivo doente em forma de riso,

gargalhadas

por trás dos rostos partidos

que

ninguém vê

ninguém vê

ninguém vê...



A dor de mim e do outro

no picadeiro em forma de estradas -

muitos e muitos caminhos se cruzam,

vozes que passam,

sinos de despedida de hora em hora

em um mar de lápides

vê-se na sombra o seu próprio corpo morto

corpo, corpo, corpo!

Não quero ser corpo...



Roda! Roda! Roda!

Não há mais samba e a náusea cresce

embora a multidão peça o que foi busca:

êxtase do não-lugar, do não-eu, do não-sentir

no compasso da bateria.



Cabrocha rouca deslcaça

massa de carne

apagando o sorriso.



Quem irá ver a alma que cai em gotas

pela boca entreaberta do bêbado encostado ao muro?

Quem viu o espanto em mim?



Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 08 de setembro de 2009.



terça-feira, agosto 25

The Scream, 1893.
SUSANINHA

E o dia do aniversário
é o instante cego
do agora-quem-sou-eu?
do sentir-se em uma ponte
(lembra do quadro O Grito,
Edvard Munch?)
entre duas certezas:
nascer e morrer.
Nossa sorte
é que a ponte
é/está na vida,
e o eterno de antes
e a dúvida
do depois
são apenas especulações.
Quem se importa com as indagações?
Eu, você, Clarice Lispector.
Mas pra quê?
Pra que se perguntar,
se a vida se faz tão
luminosa e infinitamente
prazerosa no "já!"
do "parabéns pra você,
nessa data querida,
muitas felicidades,
muitos anos de vida"!

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 21 de agosto de 2009.


Route à Saint-Rémy,Van Gogh.




sexta-feira, agosto 21

MARRIAGE AU GLÓRIA

I

Unindo...

Negra
Só as luzes da Marina tremem e anunciam vida
Só as luzes que escapam pelas portas e invadem o adro dizem

Solene e única e tão só ela segue:
Marcha em êxtase do que é ser mulher

Cobre o véu e eis que é luminária humana
A figura que entra banhada por rios e mares,
Adornada pelas horas
Dos tempos que vão vir.

Unidos.


II

Festa
Rosas murchas

Muro de vozes

Olhara atento:
tentação do corpo do outro
Querer: tato e gosto de champanha, docinhos e saliva.

Vida em botão
Flor e ser

As pinturas observam os homens

Rodopiar em passos
Animados riscando o assoalho

Papeis pelo salão
Em desordem deliciosa doce dúbia dupla doida

Festa (!) de dois após a multidão.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2009.

Marc Chagall, pintor judeu-russo surrealista.


Bouquet with flying lovers, 1947.



Branch, 1956.


Os noivos no céu de Paris.


View of Paris.

The wedding candles, 1945.

Le couple, 1977.



La fête du marriage, 1978.

quarta-feira, julho 22

DESDOBRAMENTOS

Romântico:
- O amor possível é o fim do amor...
Moderno:
- O amor possível são todas as possibilidades de amor.
Pós-Moderno:
- Amor? Vende onde?

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 13 de julho de 2009.

quarta-feira, julho 15


CAPA DE CADERNO

Loucura maior é não ter mais orelhas para decepar...

E essa tela que me acompanha...
Lembrança de infância,
misto de espanto e indagação,
curiosidade de quem vê o mundo e só sente – visão não associada à explicações formais, visão com o tato e com o cheiro das situações –,
explosão de sentir,
um mundo inteiro – redondo como cada girassol –
se abrindo em flor macia e gostosa.

Se eu pudesse saber o que era, não teria visto
Se eu pudesse fugir do que previa, não teria acontecido
Se eu pudesse não sofrer as alegrias, não teria sido!

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 15 de julho de 2009.
19h 04min

Sunflowers, 1888
Vincent Van Gogh Pintor Holandês (Pós-Impressionismo) 1853 – 1890

quinta-feira, julho 9

CAMINHOS

Fascinante
Delírio
Vertigem

Abismo do não eu
que me diz na totalidade.
Ser a queda que é transcendência
é o estado de glória verdadeiro,
dá a dimensão da humanidade - neuf sur dix.

Descer de escadas para crescer na contramão
Coroa invisível de louros
Humildade
Acesso eterno a você mesmo


Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 2 de julho de 2009.

quinta-feira, julho 2



AMOR DE LOBOS

... vou-vos contar uma história de assombrar... e de magia... e de feitiços... e de poesia...uma história de amor, onde se mistura a racionalidade com a irracionalidade... poderei dizer que é uma história sobre a descoberta do amor... aquele amor que está muito dentro de nós, escondido e que, um dia, sem darmos por isso, brota cá para fora e como uma flor bonita, desabrocha aos primeiros raios de sol da manhã...

..seriam cerca das 3 da madrugada quando na esquina da velha igreja daquela velha aldeia lá muito ao norte, quase a perder de vista a sua própria existência, se juntaram em silêncio 4 esbeltas mulheres de longos cabelos à solta, todas elas vestidas de branco... um branco alvo, como vestidas de noivas, sem véus nem grinaldas mas de branco... sentia-se um vento meio gélido naquele campo verde que se estendia para além das traseiras daquela velha igreja daquela velha aldeia... mas não se notou qualquer tremor de frio em nenhuma daquelas 4 esbeltas mulheres... a cor dos seus corpos roçava a cor do leite que, momentos antes haviam bebido dum mesmo canado... seus olhos negros, profundos, brilhavam quando os raios do luar daquela lua cheia lhes batiam nas faces em todo o seu fulgor... era uma lua grande, de prata, brilhando num brilho baço mas ao mesmo tempo ofuscante... deram-se as mãos umas às outras e continuaram o seu caminho... para trás ficava tão-somente um cheiro a flores... seus pés estavam nus e pareciam caminhar por sobre a erva daninha daquele campo verde... lá ao longe, um pouco mais para cima, divisava-se um morro e no cimo desse morro uma frondosa árvore, erguia os seus ramos numa espécie de posicionamento de espera e de aceitação... como que esperando por elas e pronta a abraçá-las... o silêncio era total e entre elas não se ouvia um único som... quem as visse de longe para cá daquela velha igreja daquela velha aldeia, pensaria que as 4 visões voavam ou pelo menos deslizavam...
...cada uma das que ficavam na ponta levava um cesto de verga coberto por pano branco de linho feito... ...e eis que chegaram aos pés da árvore...
...pousaram os 2 cestos de verga no chão e deram-se as mãos num círculo que abraçou o tronco da árvore frondosa e num misto de magia a árvore como que se baixou sobre elas como que as cobrindo num acto fálico enquanto as suas folhas roçavam os seus corpos...
...dos cestos, depois de terem desfeito o círculo, tiraram algo que não era visível aos olhos dos outros seres humanos e que não era possível descrever...
...entretanto, algures, num outro ponto daquela aldeia, deitado numa cama de doces sonhos, um homem alto, bem constituído fisicamente, com o corpo nu coberto de pelos negros, dormia e via-se que estava possuído por algum sonho de lascívio prazer, pois notava-se através da roupa da cama que o cobria que o seu sexo estava excitado e algumas gotas de suor lhe cobriam o peito forte...
...repentinamente, num passe de feitiço, esse "sonho" transportou-o para os pés daquela árvore frondosa onde se encontravam as 4 mulheres lindas vestidas de branco... ele olhou para ele mesmo e viu-se nu, tal como viera ao mundo e ao ver aquelas mulheres instintivamente levou as mãos numa tentativa de tapar o seu sexo erecto...
... a partir desse momento aquele homem entrou num espanto e seus olhos não queriam crer naquilo que estavam a ver...
... elas se começaram a despir e apenas tinham aquele vestido branco sobre as suas peles acetinadas cor de leite... e ele olhava... elas começaram a sorrir e os seus sorrisos eram como um convite ao sonho... daqueles cestos retiraram uns frascos que continham vários fluidos e começaram a untar os seus corpos... e ele olhava e começava a compreender o que via... elas o fizeram ver... uma se untava de mel, uma outra de untava de leite puro de ovelha uma outra de água salgada do mar e a outra de um creme que cheirava a jasmim... e ele não resistiu e o sexo se tornou novamente erecto e o seu corpo parou de tremer...
... aqueles corpos untados cintilavam quando os raios da lua cheia lhes batia na pele e elas continuaram com o ritual... todo o seu corpo foi untado incluindo os seios, o pescoço, as pernas,... apenas os cabelos soltos ficaram secos...
...então, elas se aproximaram daquele homem e se roçaram por ele de tal forma que o corpo dele ficou totalmente embebido daquela mistura de fluidos...apenas as mãos dele ficaram secas... e num acto quase que instintivo elas se deitaram no chão sobre os vestidos brancos que faziam de leito, o leito do amor, o leito da procura do amor, o leito da descoberta do amor... e ele se misturou com elas e começou a possuí-las, uma a uma, e também numa mistura arbitrária de escolha... o seu corpo confundia-se agora com o corpo delas e já não existiam 4 mulheres ali... apenas existia uma única mulher onde ele se fundia numa escolha impossível... os ventres juntavam-se e os costados também... ele as tomou por detrás agarrando-se aos cabelos delas com as suas mãos possantes e puxava as cabeças delas num misto de prazer e dor, de agonia e êxtase, como se tudo se pudesse perder num só instante, numa avidez de gozo indescritível ... de repente ele sentiu os diversos odores que o cercavam e aos poucos foi deixando uma a uma até que ficou olhando aquela que cheirava a mar... e, nesse momento, algo de mágico se passou: um raio de luar atingiu-o e ele numa nova forma de sentir, viu lentamente o seu corpo transformar-se em lobo, um corpo coberto de pelo sedoso negro e brilhante ao mesmo tempo que a mulher que cheirava a mar se posicionava como fêmea do lobo... e ele a agarrou pelos cabelos puxando a sua cabeça para o seu peito e com firmeza a penetrou fundo num acto de posse total, num acto de prazer inimaginável onde a fusão foi possível tão-somente por magia... o seu corpo ofegou e o instinto animal veio ao de cima e, no mesmo momento em que lambia todo aquele mar, ele, num último uivo lancinante de prazer, espalhou sobre ela todo o fruto do seu amor... então os corpos se misturaram e apenas se divisava um casal de lobos fazendo amor... os seus corpos não conseguiam parar e num espasmo final ela se transformou em maresia, como que alva espuma misturada com o fluído dele...
...então, naquele silêncio de corpos se amando, um último uivo, não o dele mas o dela, se fez ouvir por aquela encosta abaixo, no preciso momento em que os primeiros raios de sol começavam ao longe, bem perto daquela velha igreja daquela velha aldeia, a despontar...
...nesse momento, o homem acordou de repente na sua cama e olhou e viu: uma mulher linda, vestida de branco, dormia profundamente ao seu lado..."


AUTOR DESCONHECIDO

terça-feira, junho 9

As Praias Desertas

As praias desertas continuam

Esperando por nós dois
A este encontro eu não devo faltar
O mar que brinca na areia
Está sempre a chamar
Agora eu sei que não posso faltar
O vento que venta lá fora
O mato onde não vai ninguém
Tudo me diz
Não podes mais fingir
Porque tudo na vida há de ser sempre assim
Se eu gosto de você
E você gosta de mim
As praias desertas continuam
Esperando por nós dois

Antonio Carlos Jobim

Eu e Água
A água arrepiada pelo vento

A água e seu cochicho
A água e seu rugido
A água e seu silência
A água me contou muitos segredos
Guardou os meus segredos
Refez os meus desenhos
Trouxe e levou meus medos
A grande mãe me viu num quarto cheio d'água
Num enorme quarto lindo e cheio d'água
E eu nunca me afogava
O mar total e eu dentro do enterno ventre
E voz de meu pai, voz de muitas águas
Depois o rio passa
Eu e água, eu e água
Eu
Cachoeira, lago, onda, gota
Chuva miúda, fonte, neve, mar
A vida que me é dada
Eu e água
A água
Lava as mazelas do mundo
E lava a minha alma

Caetano Veloso

























ROTAÇÃO

Tenho um mundo girando na minha frente,
no qual às vezes eu caio dentro
e fujo do mundo –
porque os mundos são muitos
e o outro-mundo é fascinante –,
e do qual salto às vezes
e fico perdida com sensação de achada –
porque vejo tudo diferente,
porque, afinal de contas,
tudo está diferente!
Os olhos que veem são diferentes...

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 05 de junho de 2009.

MORADA

Força de ventos

em sorrisos no

ar. Tom de cores

cinza-azul

de sonhos.

Castelo sem muros.

Odô ia!

Angélica Castilho

maio de 2009

sexta-feira, março 6


Gratia Plena

Esse gosto de futuro invade os poros
E faz sentir-me já sendo outra de mim mesma,
Transtornada, transfigurada, translúcida, transcendental
Em catarse dionisíaca do (in)ter-you.
Apenas o rosto é o mesmo
E segue pelas ruas com se nada estivesse acontecendo.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de janeiro, 04 de março de 2009.
Menininha Sapeca

Nessa felicidade
Que é luz
De fogos
E
Beijos debaixo de chuva,
Fico pelos vãos
Me escondendo
Com um sorriso sonso:
Disfarce de alegria...
Ah! Alegria...
Que é tanta
Que é pura
Que é tão íntima e secreta,
Tesouro trancafiado por trás do olhar
Entre abraços e palavras dengosas e ronronar de amantes.
Por toda essa grandeza, uma alegria frágil:
Criança comendo doce roubado que não pode ser vista,
Mas lambuza o rosto...

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de janeiro, 04 de março de 2009.

sábado, dezembro 20

HIDRA DE LERNA

Amor e suas muitas cabeças!
São tantas
E tão poço tempo pra entendê-las
E quando julga entender,
Ele já não mais é:
Entender é cortar cabeças para delas surgirem outras emdobro
E não se pode,
Em hipótese alguma, queimar-lhes o corte: morta a hidra, morta a vida.
Esse monstro deve ser domesticado e morder-nos
Calcanhares e sonhos.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 2008.
OIÁ IANSÃ

Coragem é tudo!
Há pessoas que são pé de vento,
bailam nesse ir e vir da vida:
ida, ida, ida sem mas nem porquês.
Voltar em voltas, em rodopios,
pelo ar que é assim
que a Moça dos Ventos vive.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 2008.

quarta-feira, novembro 12

P.S.

Vida plena!
E quem disse que não se ama nessa cidade?

O sorriso único.
Corpos simplesmente flutuando.

Tudo já foi dito
Só nos resta viver.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2008.
ATO

Felicidade tem nome:
Nós!
Amor em todas as faces.
Amor...
Simplesmente amor.
Eros e Psique
Flutuando pelos caminhos.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 05 de novembro de 2008.

LABIRINTO

Estar perdido é solução.
Caminho cego
Em fio de Ariadne de luz,
De olho para olho
De boca para boca
De pele para pele.
A chegada e a partida
São o mesmo ponto.
Paixão! Paixão!
Verdade única.
Não quero sair
E este é o lugar.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 16 de outubro de 2008.
MIL E UMA NOITES

O quarto e universo e tudo.
As histórias somos nós.

Cherazarde às avessas,
contando para não acabar o tempo.
Amanhecer é o mesmo que saudades.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 16 de outubro de 2008.
DELÍRIOS LAPIANOS

Cá, cá, cá
Carnaval
Na, na, na
Não interessa!
Vou beber todas
To, to aqui
Por aí
Pra pular carnaval
No aval com o
Momo que sorri
Ri! Ri! Rio!
Que maravilha
Nossa ilha de alegria
Não tem CPI nem mensalão
Tem alegria do povão
Que só quer rir
Ri1 Ri! Ri!
Rio!...

Angélica Castilho
Antonio Adolpho
28/IX/MMVIII
Bar do Juca

Rá, rá, ra´
Já vão nos expulsar
Vamos beber até cair
Mas vamos nos divertir
E quando o sol surgir
Pegar um táxi
Porque a lei seca ta aí!

Angélica Castilho
Antonio Adolpho
28/IX/MMVIII
Bar do Juca

(Esse site está em construção)

O que é xX?
Qd (Lim x)
è + (símbolo do infinito que não tem no meu micro para colocar...)
(o que são 15 dias quando
o tempo tende à eternidade?)
R: Tempo de c... é r...

Antonio Adolpho
28/IX/MMVIII

“Eu sou um pós-lispectorano.”

Antonio Adolpho
28/IX/MMVIII
Madrugada no Bar Arco-Íris.

NÓS

E para o além
Pós e tudo lacto e stricto
é sempre ontem sendo hoje!

Angélica Castilho
28/IX/MMVIII
Madrugada no Bar Arco-Íris.

terça-feira, outubro 14

ENCANTADOS

Sopro de Deus!...
Início...
E nada mais será como antes.
Química ancestral
De eus que se dão
E se reconhecem:
Espelhos sem inversão
Em mimetismo espontâneo.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 14 de outubro de 2008.

domingo, outubro 5

EROS E PSIQUÉ[1]

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino –
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora.

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
ergue a mão, e encontra hera,
e vê que ele mesmo era
a Princesa que dormia.


[1] PESSOA, Fernando. Poesias. 5. ed. Lisboa: Ática, 1958.

sexta-feira, outubro 3

DIALOGANDO COM OCTAVIO PAZ

Amor:
solo desnudo
onde
todas as faces
ficam expostas;
chão arifertil
de nós mesmos
no centro móvel
de eus itinerantes
ocm bússola circular;
ato de
caminhar,
caminhar,
caminhar,
caminhar,
caminhar
para chegar
onde
já se estava sem saber.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 02 de outubro de 2008.

terça-feira, setembro 30

QUASE ANJOS

Essa candura
que se mistura
com saliva e roçar de pele
é o que nos humaniza.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 26 de setembro de 2008.
ORAÇÃO

Medo de ser sonho
E acordar dando
Golfadas de alegria,
Sujar a camisola, as pernas, a cama –
contentamento se perdendo
pelo quarto
em estado de pranto de alma.
Queria Deus ser terno
No ermo de dois:
Amplidão azul de céu e de mar
No espaço de corpos.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 26 de setembro de 2008.

segunda-feira, setembro 29

ÉBRIOS

Caras e caretas
eternas
cervejas
e veja

que tudo é
é, é, é...
beber e falar
sem ser olhos

de visão total e racional.
Isto é ser... eterno!

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2008.

P.S.: II Encontro de LETRAS TORTAS

quinta-feira, setembro 25

SOL E CHUVA

Estou cansado e meus olhos projetam o futuro em branco:
as cores foram pintadas de luz!
Cadê o futuro?
Cadê o futuro?
O medo se infiltra pelos cabelos, pelas unhas.
Ternura e tédio ao pé do precipício.
Celeumas de mim!

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 25 de setembro de 2008.
BILHETES

Não sei mais suportar.
Os outros são tão outros que a mim não se estende a vós. Não há hermanos?! E o que faço para purgar o carinho que existe no espaço de fotos, sorrisos, palavras? O que faço agora que tenho a azeda visão de estar só. Estado único e uno, equívoco de gêmeos, perna sem par.

Constatei tarde que a procura é a mesma do andrógino partido que não é mais filho do Sol, nem filho da Terra, nem filho da Lua. Olhar cego para o umbigo: cicatriz da solidão. E agora?! O que faço? Logo eu que sempre fui multidão e desdenhava Eros por achá-lo tacanha, nhem-nhem-nhem e cacete? Pasmo de quem teimou ser philos a salvação.

Congelei de susto enquanto esperava um café expresso admirando o vai-e-vem da Cinelândia. Alma decepcionada tem a gravidade e quase a eternidade de um iceberg. “Não tenho em quem confiar...” Um slogan de camiseta em passeata. Definhar... Afiar... a espada para a guerra de ser só.

Não sei dizer que dor é essa diante da morte de tudo: morte de um homem, morte do sonho de ter um filho, morte da vontade de viver, morte da alegria adolescente, morte dos sorrisos. Só sei que dói e amassa por dentro. E não se tem fome, não se tem sede. Apenas choro.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 23 de setembro de 2008.
ORIKÍ

Airosa
Ar
Em rosas
pétalas
no ar.
Dançar
de moça
vistosa
graciosa,
Oiá!

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 09 de setembro de 2008.

quinta-feira, setembro 11

FÓSFORO

Só em total
Escuridão
há consciência
de ti.
A mínima claridade
te põe
a perder:
chama
que se acaba no ar,
gozo e morte.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 07 de setembro de 2008.
ATITUDE INFANTIL

Sempre que
topo com um espelho
dou a volta
para ver o que há atrás.
Espanto sempre!
Um vazio
inteiro e revelador.
Para onde foi o outro lado,
a face esquerda,
luz de tudo que não há?

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 05 de setembro de 2008
.





RIO QUE PASSOU

Abismar-me
de azul e branco
em um mar de cerveja
com tamborins sussurrando ao fundo.
Verdade única e urgente de uma vida inteira.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 05 de setembro de 2008.

segunda-feira, setembro 1

INTERVALO

Nosso herói vive entre parêntese. Narrativa interrompida por peripécias, esclarecimentos, silêncios, sem perspectiva de fechamento. Suspensão do curso sem mais nem menos. O tempo, entretanto, não pára! E essa vida paralítica, sifilítica, esquisita... em curto circuito.
Perigo de cair em abismo antes de terminar a história.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2008.
MORTE DA PORTA-BANDEIRA

Ebulição
atos desconexos
aço
ação
baque
o som do surdo
...
cascatas de
olhos de cristais
mares
no peito oco.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2008.

domingo, agosto 31

IDÉE FIXE

Moinhos de vento
Moinhos de vento
Moinhos de vento
Vento vendo
Veeeeem tudo triturado
Pelos cantos
Espalhado e insistindo em ficar
Embora seja sombra
Embora seja miragem
Embora seja névoa
Embora seja susto

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 30 de agosto de 2008.

quinta-feira, agosto 21

HOMEM IDEAL

Que seja mais macho do que eu.
É pedir muito?

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 21 de agosto de 2008.
EROSÃO

Tu me ligaste, Ogro!
E já há tempos te desejava
E não vinhas.

Só ventanias
cortando rochas.
Só chuvas
abrindo fendas.
Só raios
rachando árvores
Só trovões
rompendo campos.

Solidão em três atos,
uma quase comédia de costumes.
A paisagem já é outra
novas fronteiras,
mapa-múndi mo(e)dificado.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2008.
AULA DE SEXTA

Uma moça com nome de flor guarda coisas do enxoval e as usa em uma rotina marital que não há. Rosa azul nos atos e no nome. Alma romântica, pois não? Mas e eu, meu Deus?! O que guardo ainda por não guardar coisa alguma? O que uso ainda com e nesse meu desapego pelo que não é utilitário, utilizável, último de nós? O que eu faço com essa imaterialidade que me assombra mais até do que os garfos da moça-botão-congelado usados casualmente nas refeições feitas no trabalho? E que nome eu dou ao vazio que psicanalista lacaniano algum ousaria investigar?

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2008.
ESSÊNCIA DO AMOR

Transitivo e transitório:
amor em estado bruto.

O que estraga é burilar a pedra,
dá-la muitas faces lisas,
espelhos para o nada.
O que estraga é o adorno
de plástico
que fica fosco
com a poeira dos dias
sem primavera.
O que estraga
são os planos
sobre o que não virá.
O que estraga
somos nós!

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2008.
INCENDIÁRIOS

Arde-me todo o corpo.
Tenho sede, sede, sede!
Sede e nada mais.
Seda-me o mais:

Sois
Sóis em colisão.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2008.
UM ARCANO MAIOR

Estrela caiu em mim
Queimou-me o corpo
Tornou-me prata
Renovou-me em composição de guerra,
dinossauros, perfumes, olhares, palavras, gozos.
Transformou-me em pontas agudas esparramadas:
antenas incessantes de e insaciáveis por
vida.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2008.
VATICINANDO

Ando assim há dias! Adiar de felicidade que pressinto, logo, que já existe. Ela ronda ladina, mansa... Mançano! Mançano! Ah... morder o fruto... e ser arrebatada... Voltar, então, ao sentido da vida.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2008.
CONVERSINHA ENTRE IRMÃOS

Tenho jeito não...
Perdida é que me encontro
O mais?!
É o beijo da Noite.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2008.
ENTÃO...

Vivo a crise de Fausto estendida:
a vida é curta para tudo que desejo saber e para os amores que quero ter.
Estado de avessos rosianos:
Diadorim em síntese,
anjo e demônio,
cabala!
Perfeitamente
todas as possibilidades reinantes
na infância da maturidade.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2008.
RELEITURA

De branco e com flores,
Ofélia ressuscitada e contemporânea.
Já é outra
E vive de amores
Pelos bares,
Pelas ruas assobiando um sambinha maroto
Pela Avenida de azul e branco desfilando.
Mergulho?! Só em palavras e copos
E destes volta sempre plena e renovada.
A visão frágil contrastando com um ser em armas:
Perfeitamente humana!

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 15 de agosto de 2008.
EXULTANTE

Tão, tão feliz!
E a felicidade
é aqui
é presente,
é factual,
in medias
Gravada no ah... de agora!

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 15 de agosto de 2008.

sábado, agosto 16


Bar do Juca, Lapa

15.08.2008

Carioca da Gema, Lapa

15.08.2008

Carioca da Gema, Lapa

15.08.2008

Carioca da Gema, Lapa

15.08.2008

Carioca da Gema, Lapa

15.08.2008

Carioca da Gema, Lapa

15.08.2008

Carioca da Gema, Lapa

15.08.2008

Carioca da Gema, Lapa

15.08.2008

Carioca da Gema, Lapa

15.08.2008

quinta-feira, agosto 14



FELICIDADE CLANDESTINA

Clarice Lispector

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos de blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do recife mesmo, onde escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranq6uilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que eu dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Cheguei em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem toca-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.


LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 9-12.

quarta-feira, agosto 13

OLHANDO ATRAVÉS DA VIDRAÇA

Ser que se pré-ocupa de tudo
E está sendo obrigado a viver um dia de cada vez,
Em crescimento paulatino e amarrado,
Contido em vinte e quatro horas.
Não há tempo para ansiedade
E tudo se resolve assustadoramente em tranqüilidade.
Há paz nesse viver sem amanhã,
É-se hoje, necessita-se se hoje.
Ser antes atormentado pelo devir,
É hoje em profusão, em ebulição,
Descanso no olho do furacão.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2008.
EM GRAÇA

Estou deliciosamente tomada por presente e por futuro,
Cega para tudo e terrivelmente tátil para o mundo!
Estou cinética! Fortemente expressiva em vozes e atos.
Estou texto e som e canto e dança.
Viver assim provoca uma fúria doce!

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2008.

domingo, agosto 3

DESCOMPASSO

Eu queria poder ser
longe de todos.
Mas me amarraram aqui,
Mas não me deixam sair,
Mas ainda existe ar
nesse cubículo absurdo
que chamam de vida!

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 31 de julho de 2008.